Homenagem à Mãe Miriam: Patrimônio Vivo da Cultura Religiosa de Alagoas
- Federação Afro Brasil
- 23 de jun.
- 3 min de leitura
Na noite em que Maceió foi iluminada por cânticos, toques e memórias, a Federação Afro Brasil Legaliza viveu um dos momentos mais emocionantes de sua história: a entrega do Diploma de Honra ao Mérito à Mãe Miriam, filha de Nanã e Òsún, nascida em Piranhas – AL, no dia 9 de junho.
Geminiana de alma leve e espírito ancestral, com 91 anos de vida dedicados ao Candomblé, ela não apenas recebeu uma homenagem — ela foi o próprio símbolo da resistência, do cuidado e da memória viva da nossa religião.

Com sua presença firme, vestida com cores que falam de raízes, adornada com contas sagradas e o olhar profundo de quem viu o tempo passar pelos terreiros, Mãe Miriam nos ofereceu mais que palavras: ela nos ofereceu uma lição de vida.
Reconhecida oficialmente em 2021 pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas como Patrimônio Vivo Religioso, Mãe Miriam é muito mais do que um título. Ela é tronco de axé, raiz de sabedoria e sombra para os que buscam aprendizado.
Durante a solenidade em Maceió, cercada por filhos de santo, sacerdotes, ialorixás e representantes da Federação, Mãe Miriam tomou o microfone com firmeza e disse, emocionando todos os presentes:
“Sou mulher de Òsún. Filha de Nanã. E sou do tempo em que a gente não podia nem falar que era de Candomblé... Hoje, ver tudo isso, ver essa juventude aqui, me emociona. Isso aqui é luta. Isso aqui é vitória.”
E continuou com um apelo profundo à nova geração:
“Não deixem morrer isso. A religião da gente é raiz. É tronco. É a sombra de muita gente. Agradeço essa homenagem, mas o que me honra mesmo é ver vocês continuando o que a gente começou.”
Essas palavras ecoaram como uma reza. Não apenas pela forma como foram ditas, mas pela história de quem as disse. E foi exatamente isso que destacou o presidente da Federação, Pai Gamby Ty Sango, ao entregar pessoalmente o diploma:
"Quando olhamos para Mãe Miriam, não vemos só uma sacerdotisa. Vemos a própria história do Candomblé andando entre nós. Receber sua presença, suas palavras e sua bênção é algo que jamais esqueceremos."
📸 Um Encontro Marcado Pela Eternidade
As imagens captadas no evento não apenas ilustram um momento — elas registram um marco na luta pelo reconhecimento e valorização da ancestralidade viva. Mãe Miriam aparece sentada entre filhos e filhas de Axé, trocando palavras com o presidente da Federação, recebendo o diploma com dignidade e brilho nos olhos.
Cada gesto dela — o olhar, o sorriso, a forma de segurar o papel da homenagem — comunica algo mais profundo: o orgulho de ter resistido, de ter formado filhos espirituais, de ter plantado em terra firme a semente do Candomblé.
Em uma das fotos, ela segura um copo d’água, símbolo de vida. Em outra, posa com elegância ao lado de Pai Gamby, representando a união entre passado e futuro, tradição e continuidade.
✨ Uma Voz Que Ensina. Uma Presença Que Marca.
Aos 91 anos, Mãe Miriam carrega o peso e a leveza de ser referência, sem jamais perder a ternura. Mesmo afirmando com humildade que “não está mais indo nos lugares”, ela provou com sua fala que sua presença espiritual alcança cada canto onde haja respeito aos Orixás.
E neste evento, ela foi mais do que homenageada: foi reverenciada. Com direito, com merecimento, com Axé.
Que Nanã siga lhe protegendo com seu barro sagrado.Que Òsún lhe renove com as águas doces da eternidade.E que sua voz continue sendo guia para os nossos passos.
Obrigado, Mãe Miriam.Por existir. Por resistir. Por ensinar. Sua presença é história viva. E sua voz, um legado eterno.
Federação Afro Brasil Legaliza - Babalorixá Gamby Ty Sangô.
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